Em 1º lugar na minha lista viria o "Do Lado de Swann", de Marcel Proust. Magistral, obra-prima, etc., não chegam para o descrever. É o primeiro de sete volumes do monumental "Em Busca do Tempo Perdido", uma obra que no seu conjunto é como que o resultado dos esforços da memória do escritor, que evoca toda a sua vida passada e com ela constrói uma vida que talvez tivesse sido, ou pudesse ter sido, a sua.
Um escritor de génio capaz de descrever o génio com génio. Ora leiam:
"Mas o génio, e mesmo o grande talento, não provém tanto de elementos intelectuais e de refinamento social superiores aos dos outros, como da faculdade de os transformar, de os transpor. Para aquecer um liquído com uma lâmpada eléctrica, o que é preciso não é dispor da lâmpada mais forte possível, mas de uma cuja corrente possa deixar de iluminar, ser desviada e dar, em vez de luz, calor. Para passear pelos ares o que é necessário não é ter o automóvel mais potente, mas um automóvel que, não continuando a correr pelo chão e cortando na vertical a linha que seguia, seja capaz de converter em força ascensional a sua velocidade horizontal. Do mesmo modo, os que produzem obras geniais não são os que vivem no meio mais delicado, os que têm a conversa mais brilhante e a cultura mais extensa, mas os que tiveram o poder de, parando de repente de viver para si mesmos, tornar a sua personalidade semelhante a um espelho, de tal maneira que a sua vida, por muito medíocre que, por outro lado, pudesse ser mundanamente e até, em certo sentido, intelectualmente falando, nele se reflicta, já que o génio consiste no poder reflector e não na qualidade inrínseca do espectáculo reflectido."
Excerto de "À Sombra das Raparigas em Flor" do mesmo Proust.
1 comentário:
U-au! Cada vez fico mais interessada nesse autor. Quem sabe não me deixo seduxir definitvamente, tal como tu, um dia destes, numa qualquer livraria. E o génio é para mim também isso mesmo, ultrapassar barreiras, incluindo as de nós mesmos! :) Beijo*
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