Palratório de Alis Ubbo

Considerando que Alis Ubbo, a "enseada amena" desde há 3200 anos e mais conhecida por Lisboa, ainda não tinha gente suficiente a maçar a blogosfera, decidi juntar-me à festa...

domingo, 29 de março de 2009

Viciado em músicas...

Uma coisa que me acontece por vezes é ficar, sem perceber muito bem porquê, viciado numa qualquer música que aparece, muitas vezes de um grupo que não é meu hábito ouvir... Chego a ouvir a dita vezes e vezes "em repeat"...

Desta vez é o single Love Etc. do novo albúm dos Pet Shop Boys, chamado Yes.

Vale a pena ver o clip que é digamos, meio gay meio psicadélico, e que parece um daqueles jogos do Game Boy, desta vez sobre o amor. Tudo com um fundo que corre todas as cores do arco-íris. A sério, não é foleiro como parece pela minha descrição...


quinta-feira, 19 de março de 2009

Génio Literário

Livros... De romances a ensaios, dos de poesia aos de estudo, dos pesados aos light, há uma variedade incalculável nos escaparates de várias livrarias e afins. De vez em quando, alguns seduzem o meu espírito o suficiente para os adquirir. A prateleira do esquecimento pode acabar por ser o destino de uns poucos. No entanto, a maior parte são lidos com prazer e alguns impressionam e deixam marca. A muito poucos está reservado o destino de nos marcarem profundamente. Se a agitação e emoção que nos provocam pudesse ser quantificada, tal qual o é o número de exemplares de um livro vendidos por mês, então poderíamos ordená-los e construir a "Lista dos Best of the best da Nossa Vida". Um poucochinho foleiro mas divertido.

Em 1º lugar na minha lista viria o "Do Lado de Swann", de Marcel Proust. Magistral, obra-prima, etc., não chegam para o descrever. É o primeiro de sete volumes do monumental "Em Busca do Tempo Perdido", uma obra que no seu conjunto é como que o resultado dos esforços da memória do escritor, que evoca toda a sua vida passada e com ela constrói uma vida que talvez tivesse sido, ou pudesse ter sido, a sua.

Um escritor de génio capaz de descrever o génio com génio. Ora leiam:

"Mas o génio, e mesmo o grande talento, não provém tanto de elementos intelectuais e de refinamento social superiores aos dos outros, como da faculdade de os transformar, de os transpor. Para aquecer um liquído com uma lâmpada eléctrica, o que é preciso não é dispor da lâmpada mais forte possível, mas de uma cuja corrente possa deixar de iluminar, ser desviada e dar, em vez de luz, calor. Para passear pelos ares o que é necessário não é ter o automóvel mais potente, mas um automóvel que, não continuando a correr pelo chão e cortando na vertical a linha que seguia, seja capaz de converter em força ascensional a sua velocidade horizontal. Do mesmo modo, os que produzem obras geniais não são os que vivem no meio mais delicado, os que têm a conversa mais brilhante e a cultura mais extensa, mas os que tiveram o poder de, parando de repente de viver para si mesmos, tornar a sua personalidade semelhante a um espelho, de tal maneira que a sua vida, por muito medíocre que, por outro lado, pudesse ser mundanamente e até, em certo sentido, intelectualmente falando, nele se reflicta, já que o génio consiste no poder reflector e não na qualidade inrínseca do espectáculo reflectido."

Excerto de "À Sombra das Raparigas em Flor" do mesmo Proust.

domingo, 8 de março de 2009

Since World War II...

Segundo o New York Times de hoje:

"In a bleaker assessment than those of most private forecasters, the World Bank also predicted that the global economy would shrink in 2009 for the first time since World War II."

Esperemos que não estejam para vir mais tretas "for the first time since WWII"...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008


E porque às vezes sabe tão bem escutar o que o Mar tem para nos dizer...



La Mer de Claude Debussy

O 1º de Dezembro de...


Ontem choveu e fez muito frio. E o país cobriu-se de neve. Veneza, essa, acordou com mais água nas suas já molhadas ruas. E alguns olhos, talvez por comunhão com os estados da Natureza, deixaram escapar as suas lágrimas... É que:

"De resto, em todos os acontecimentos que na vida e nas suas situações contrastadas estão relacionados com o amor, o melhor é não tentar compreender, visto que, no que têm de inexorável, e também de inesperado, parecem ser regidos por leis mais mágicas que racionais."


Mas... como o autor refere... "A vida está semeada de milagres que as pessoas que amam sempre podem esperar."

in "À Sombra das Raparigas em Flor" de Marcel Proust

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A começar a limpar o pó...


...deste blogue!

depois de meses de ausência, longos meses consumidos com mestrados em biologia e outras inutilidades desse género, vou tentar palrar um pouco mais...!

Entretanto, deixo aqui uma das imagens mais inspiradoras que o século XX nos legou. Para mim é como que a síntese de uma esperança melancólica... mas em tons de azul!

Champs de Mars, pelo mestre da cor Marc Chagall


quarta-feira, 20 de junho de 2007

Homofobia...

Há pouco tempo escrevi um texto sobre a homofobia para o jornal da Faculadade de Ciências de Lisboa, o Improp. Resolvi pô-lo aqui também.


Porque a Homofobia mata...

Na madrugada de 7 de Outubro de 1998 Matthew Shepard, de 21 anos, foi continuamente esmurrado e pontapeado por outros dois jovens, que posteriormente o ataram a uma cerca de madeira e o abandonaram. Acabaria por morrer uma semana depois num hospital com múltiplas lesões. O seu bárbaro assassínio foi motivado por um tipo especial de ódio. O ódio aos homossexuais. A homofobia.


A homofobia pode ser definida como o ódio, a aversão ou a intolerância para com os homossexuais ou a homossexualidade e manifesta-se de várias formas e com várias intensidades. Desde a pena de morte por decapitação na Arábia Saudita ou por lapidação na Nigéria, à intolerância e preconceito generalizados nas sociedades ocidentais. É sobre estas últimas que este texto se debruça e, sobre aquela em que todos vivemos, a sociedade portuguesa.

O bárbaro assassínio de Mathew não ocorreu numa vila do Médio Oriente ou na savana africana, mas sim na pacata cidade de Laramie no Wyoming, Estados Unidos, um dos países pioneiros nos direitos dos homossexuais. O crime acabaria por abalar a América e iniciar uma reflexão sobre a extensão do preconceito e discriminação contra os homossexuais. Surgiu mesmo uma iniciativa legislativa para enquadrar a homossexualidade como motivo de crime de ódio e proibir definitivamente a discriminação com base na orientação sexual. A maioria Republicana no Congresso chumbou a proposta.

Ideologias à parte, o caso mostra que não é por os homossexuais já não serem condenados à morte ou atirados para os calabouços, que passaram a ser respeitados ou mesmo tolerados pela sociedade. Uma sociedade não se torna mais tolerante e respeitadora da diferença por decreto-lei. Essa é uma mudança cultural que só pode ocorrer com a participação activa de toda a sociedade. E é triste a sociedade onde a falta de respeito pelo outro e pela sua diferença pode levar alguém a matar, por um motivo tão pueril como o facto dessa pessoa amar de uma forma diferente da maioria. Ainda mais triste é a indiferença que uma sociedade possa manifestar contra crimes baseados no ódio ou em preconceitos. Foi isto que sucedeu em Portugal com o caso Gisberta.

Gisberta, uma transexual brasileira nascida Gisberto Salce Júnior, morreu vítima de agressões e torturas continuadas, tendo o seu corpo sido encontrado em Setembro de 2005 submerso no fosso de um prédio inacabado, no Porto. O crime choca ainda mais quando sabemos a idade dos assassinos. Eram crianças. Treze crianças torturaram cruelmente durante três dias uma pessoa já debilitada pela SIDA, pela hepatite e pela fome. A tortura de Gisberta com um pau que lhe introduziram no ânus e os insultos frequentes que lhe dirigiam devido à sua transexualidade evidenciam a importância do preconceito na motivação do crime. Ainda assim, esta motivação acabaria por ser recusada pelo tribunal. O mesmo tribunal que recusou ter havido homicídio, classificando-o de “brincadeira que correu mal”. O padre Lino Maia, ligado à instituição católica que era responsável pelos menores e, deve acrescentar-se, pela sua (des)educação, teve mesmo a ousadia de afirmar que ela andaria a “molestar os jovens”. Isto mostra um facto: os preconceitos contra as minorias sexuais atingem todos os sectores da sociedade, da Igreja ao Estado, e até, por muito triste que seja, as crianças.

E que faz a classe política? Nada! Aliás, deve mesmo registar-se com vergonha o silêncio ensurdecedor da maioria dos políticos e da Igreja Católica, directamente envolvida devido aos menores estarem à guarda de uma das suas instituições. O mesmo silêncio político registou-se em 2005, quando se soube da existência de milícias populares anti-homossexuais em Viseu. Afirmando querer fazer aquilo a que chamaram “limpeza moral”, ameaçaram matar se necessário. Várias pessoas foram atacadas em Viseu perante a passividade e inépcia das autoridades políticas e policiais, que já conheciam a identidade de alguns dos agressores e que pouco ou nada fizeram.

Mas a homofobia não se revela apenas nestes casos mais pungentes e dramáticos. Há outras formas bem mais comuns, mas ainda assim sentidas como bastante insultuosas. Muito/as homossexuais já foram insultados com os vulgares e ordinários termos “paneleiro” ou “fufa” na rua e sem qualquer motivo aparente além da sua simples existência. É também sobejamente conhecido que muitos adolescentes homossexuais sofrem frequentemente bullying por parte dos colegas de escola. Mas a ofensa e insulto também pode ser pública e dita por personalidades de alguma relevância. Desde as “aberrações da Natureza” do Arcebispo de Braga, Eurico Dias Nogueira, às já famosas opiniões do economista João César das Neves, que na sua coluna do Diário de Notícias, vocifera insultos contra os homossexuais de uma forma mais intensa e frequente que qualquer outra personalidade portuguesa.

É verdade que a sociedade portuguesa tem-se tornado progressivamente mais tolerante para com a homossexualidade, mas estes casos recentes demonstram o longo caminho ainda a percorrer. O preconceito pode ser por vezes tão forte e enraizado que vence o amor que um pai ou uma mãe têm por um filho/a. Há jovens no nosso país expulsos de casa quando os pais tomam conhecimento da sua homossexualidade. Felizmente, os pais que os apoiam são esmagadoramente mais comuns.

Por que que a homofobia mata, está à responsabilidade de cada um de nós não apenas tolerar a diferença mas também respeitá-la. E dos nossos deveres enquanto cidadãos, deve fazer parte não apenas votar, mas também a procura de esclarecimento sobre o real fundamento dos nossos preconceitos, não só contra a orientação sexual, mas também contra etnias, nacionalidades ou religiões diferentes. Por que apesar das nossas diferenças vivemos todos na mesma sociedade e somos todos atingidos por problemas comuns.

P.S.: Queria dedicar o texto aos milhares de homossexuis perseguidos, torturados e mortos pelos nazis. Eram identificados pelo triângulo rosa nos campos deconcentração. Vítimas esquecidas do Holocausto, os que sobreviveram continuaram presos após o fim da 2ª Guerra Mundial, devido à homossexualidade continuar proibida nas novas repúblicas alemãs. Para eles, o nazismo terminou apenas quando a morte chegou. Em 2002 o parlamento da Alemanha pediu formalmente desculpas às vítimas homossexuais do Holocausto, em nome de todo o povo alemão.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

A nossa Democracia...

Péricles


Hoje, e mais uma vez, membros da nossa intelligentia política e jurídica brindaram-nos com mais uns disparates de primeira água, que mostram bem o real valor da democracia para pessoas cujo trabalho supostamente a deveria defender e melhorar.

O primeiro veio do líder do CDS-PP, Ribeiro e Castro, que numa manifesta e profunda falta de respeito pelo referendo e pela aprovação de uma lei por quase 2/3 da Assembleia (PS, CDU, BE e muitos deputados do PSD), referiu que o Presidente da República deveria ter usado um "gesto de acção" para manifestar as suas reservas em relação à lei do aborto, ou seja, que deveria ter vetado a lei. Teve mesmo a lata de dizer que: "A promulgação desta lei [do aborto] marca um momento de profunda divergência e profundo desapontamento com parte do eleitorado que elegeu o professor Cavaco Silva." Desejar o veto de uma lei sufragada e aprovada em referendo, ainda que não vinculativo, é muito, muito triste. Ainda bem que ele afirma ser o líder dos "democratas-cristãos"...

O segundo disparate veio do nosso Supremo Tribunal de Justiça, que emitiu um acórdão a condenar o Público por ter publicado em 2001 que o Sporting devia ao Estado 2300000 euros, notícia que o próprio tribunal (será mesmo um?) aceita ser verdade!!!!!! Mas as pérolas destes juízes para justificar tal acto ainda são mais inacreditáveis: " O conflito entre o direito de liberdade de imprensa e de informação e o direito de personalidade [...] é resolvido em regra, por via da prevalência do último em relação ao primeiro." No comments, claro. Mas há mais! Afirmam ainda que, independentemente de um "facto" ser verdadeiro ou falso (!!!!), a "divulgação jornalística de facto susceptível de diminuir a confiança" numa "pessoa colectiva", ofende essa mesma "pessoa"! Pois. E daí? Como pode ser isto um argumento? Que é que pretendem? Multar todos os jornais que divulgem crimes e ilegalidades só porque ofendem o "bom nome"? Não será óbvio que estes senhores não respeitaram a liberdade de imprensa e de expressão?
O Público vai recorrer ao Tribunal Constitucional. Já que se pode pôr o "Estado" em tribunal, porque é que esta chusma incompetente não pode ser levada a tribunal também por violação das nossas liberdades fundamentais?





segunda-feira, 9 de abril de 2007

Orquídeas...portuguesas!



Não sou grande fotógrafo, mas ainda assim decidi pôr estas duas fotos que tirei perto do Penedo de Lexim, algures nos arredores de Mafra. É que para mim estas plantinhas são especiais! Não é por serem apenas bonitas (embora o sejam de facto)! É por se tratar de orquídeas! Sim senhor, essa família de plantas com flor, muito na moda actualmente, também tem representantes autóctones de Portugal! E não são poucos por sinal...

A orquídea branca é uma
Cephalantera longifolia e a de flores rosa pálido pertence à espécie Orchis italica.

Ainda está para ver é por quanto tempo o concelho de Mafra mantém as suas poucas relíquias naturais... É que com o crescimento imobiliário ao rubro e o frenesim de construção de viadutos, pontes, rotundas, estradas e auto-estradas que se vive actualmente naquele concelho, alguns receios começam a surgir na minha cabeça, quais ervas-daninhas num canteiro mal cuidado...

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Postwar



Para quem gosta de História Europeia recomendo absolutamente a última obra de Tony Judt: Postwar - A History of Europe since 1945.

Podia comentar a obra mas não vale a pena. As análises, os elogios, os comentários têm sido tantos e escritos por tanta gente entendida na matéria que eu não ia acrescentar mais nada. Até José Manuel Fernandes, director do Público, fê-lo recentemente.

Está magistralmente bem escrita e numa linguagem relativamente simples, sem cair na armadilha da simplificação dos conteúdos. Eu comprei-a quando saiu no final de 2005, altura em que só estava disponível a versão inglesa. Actualmente já se encontra traduzida na língua lusa.

Vale a pena...